
Exatamente duas horas e quarenta minutos de espetáculo, que não vi, não senti , os minutos escorreram pela alma vazia, à procura de respostas.
Dificuldades borbulhando dentro da mente.
Até que ela, Elisa Lucinda entrou em cena: nua, crua, vasta de sentimento e emoção, flor da aurora, divina senhora no palco da vida.
Momentos de riso extremo e choro contido, este espetáculo mexeu comigo de uma tal forma que ainda procuro palavras para explicar.
Situações diárias que passam despercebidas no dia a dia, porém quando levadas a reflexão nos fazem viajar e rir de tudo, de todos, de nós. uma espécie de espelho capaz de projetar mil possibilidades, provocar verdadeiras transformações em nossas relações sociais, de trabalho e pessoais.
Chegar a conclusão que somos atores, diretores, roteiristas, produtores e muitas vezes vítimas das nossas próprias decisões.
O Eu te amo de ontem não é o mesmo de hoje, o de quem vai viajar não é o mesmo de quem fica. A virgindade dos dias, das horas e dos minutos.
Não falem mal da rotina! Pois quem a cria somos nós!
E no final chegar a conclusão que se reclamamos tanto deste feijão-com-arroz que a nossa rotina chegou, precisamos mudar. Colocar uma pitada de sal, um novo tempero, do amor, da calma e lealdade. deixar que aquela criança que está dentro da gente ajude-nos a tornar a vida um espetáculo inocente.
(Poema de Elisa Lucinda)
Parem de falar mal da rotina
parem com essa sina anunciada
de que tudo vai mal porque se repete.
Mentira. Bi-mentira:
não vai mal porque repete.
Parece, mas não repete
não pode repetir
É impossível!
O ser é outro
o dia é outro
a hora é outra
e ninguém é tão exato.
Nem filme.
Pensando firme
nunca ouvi ninguém falar mal de determinadas rotinas:
chuva dia azul crepúsculo primavera lua cheia céu estrelado barulho do mar
O que que há?
Parem de falar mal da rotina
beijo na boca
mão nos peitinhos
água na sede
flor no jardim
colo de mãe
namoro
vaidades de banho e batom
vaidades de terno e gravata
vaidades de jeans e camiseta
pecados paixões punhetas
livros cinemas gavetas
são nossos óbvios de estimação
e ninguém pra eles fala não
abraço pau buceta inverno
carinho sal caneta e quero
são nossas repetições sublimese
não oprime o que é belo
e não oprime o que aquela hora chama de bom
na nossa peça
na trama
na nossa ordem dramática
nosso tempo então é quando
nossa circunstância é nossa conjugação
Então vamos à lição:
gente-sujeito
vida-predicado
eis a minha oração.
Subordinadas aditivas ou adversativas
aproximem-se!
é verão
é tesão!
O enredo
a gente sempre todo dia tece
o destino aí acontece:
o bem e o mal
tudo depende de mim
sujeito determinado da oração principal.
Foda não?
Fica aí a dica: Peça escrita , dirigida e encenada por Elisa Lucinda
Teatro Imprensa
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