domingo, 30 de novembro de 2008

"(...)É que o homem da minha vida não cabe em mim e eu não caibo nele. Não basta que a gente se queira há muitos anos. Não basta nossos namoros longos, os rompimentos e a teimosia de desejar mais daquilo que não há de ser. Não presta que ele me visite pra acabar com as saudades e fuja correndo de pernas bambas e um bumbo no peito. Não importa que eu esqueça meu nome depois, nem que me perca num oco, ou que os sentimentos corram de ambos os lados, intensos e desarvorados. Não basta que haja amor para se viver um amor. Eu e ele somos as cruzadas da idade média, o Osama e o Tio Sam, o preto e o branco da apartheid, o falcão e o lobo, o Feitiço de Áquila. Seus mistérios me perturbam e minha clareza o ofusca. Tenho fascínio pelo plutão que ele habita, e ele vive intrigado por minha vênus (...)" Maitê Proença

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Para Francisco







Fotos: Giuliana Fraccarolli




"Escrevi um livro e para mim ele tem um grande significado. Um livro abriga uma história e a eterniza. Um livro é memória e independe da presença de quem o escreveu. Um livro é um contador de histórias. Este livro fará o seu pai chegar até você como a garrafa com o bilhete, atravessando o tempo e o oceano. "
Cris Guerra

Fui no lançamento do livro Para Francisco lá na Saraiva, e eu, como fã do blog parafrancisco.blogspot.com não podia perder o evento, estava ansiosa para conhecer, ver de perto esta mulher, Cris Guerra que passou por muitas coisas ruins, mas transformou tudo em poesia.
Sala cheia, 99,9% de mulheres. Senhoras, crianças, mocinhas recatadas, outras estilosas em um emaranhado de perguntas para Cris, que com os olhos marejados não acreditava no que estava ali diante dela, um número grande de admiradores.
Nas respostas e no olhar eu vi sinceridade, nostalgia misturada com felicidade.A voz suave, sotaque mineiro ela é linda.
Cristiana como alguns sabem perdeu o marido Guilherme, numa morte subita há 2 anos atrás e exatamente dois meses antes de Francisco(seu filho) nascer. E para aliviar a dor deste grande amor que se foi ela começou a escrever o que sentia, a falta que doia, a saudade que quase a consumia, e pra falar com Cisco e de como seu pai era especial.
Voltou a trabalhar depois da licença maternidade, uma amiga sugeriu que ela postasse seus textos num blog, no começo ela achou a idéia meio ridícula (uma viúva e um blog?) mas enfim fez, e como uma boa leonina se expôs escancarou, cara, coração, alma, Gui e Francisco.
Foi o lançamento de livro mais singelo que já vi, não tinham pseudointelectuais, renomes e o caralho, foi foda, é lição de vida sabe, e isso que eu precisava ver e ouvir. Algumas perguntas e lágrimas nos olhos das pessoas, um clima bom.
Sai de lá com a alma lavada, e vi que por maior que sejam os problemas você pode transformá-los, externá-los de uma forma boa.
Devorei o livro em algumas horas e percebi que Para Francisco não é uma história triste, melancólica. É mais que um livro sobre o amor é um livro escrito por amor.
Como a Cris disse ela colocou as partes boas e os bons momentos com o Gui, e lógico ele também tinha muitos defeitos, mas o importante é olhar as pessoas desta forma, as coisas boas e os ensinamentos que ela deixou, afinal ela se vai, mas um pouco dela sempre fica dentro da gente.
Quando cheguei na facul minha amiga perguntou de quem era aquele livro, explique a história e sugeri que ela devorasse. Hoje de manhã ela me ligou e disse que na primeira página já começou a chorar.
É lindo mesmo.

Cheguei a conclusão que eu já me apaixonei, certeza, e durou um ano exato, no 365º dia, acabou, desmoronou e eu perdi tudo. Descobri que pode levar anos para você encontrar o que chamam de "amor da sua vida", você pode casar, descasar, e enfim encontrá-lo. Ainda bem...
Mas acima de tudo que amar é conhecer a alma , e eu quero que alguém um dia, de verdade conheça a minha.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Medo

Quando pequena eu não tinha medo de nada, a não ser quando minha mãe olhava feio ao fazer algo errado.
Na adolescência também não tinha medo de nada, a não ser quando sofri um acidente
de carro com a minha família. Tive medo de perdê-los.
Hoje eu não tenho medo de nada, a não ser quando penso na possibilidade dos meus planos e subplanos não acontecerem.
Ser jornalista um dia foi um sonho, hoje é quase uma realidade.
Dar certo as vezes parece utopia, mas...
Que venham os dias bons.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

"Dane-se. Comigo sempre foi tudo ao contrário".
Caio Fernando A.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Tenho em mim todos os anseios do mundo,
todas as vontades dentro deste pequeno corpo,
Não sei como externá-las, expressá-las e outras vezes quero submergi-las
Cansei de terapia, auto-ajuda, conversar com o melhor amigo psicólogo, florais, yoga ou qualquer coisa zen...
Cansei,
Quero paz, de não dever nada a ninguém,
Olhar nos seus olhos sem sentir tristeza no peito
É , talvez isto pareça muito confuso pra você
Mas depois que você foi, não consegui arrumar as coisas aqui dentro,
Sapatos fora do lugar, cama desarrumada,
Não queria me expor confesso
Mas é que meu abajur está quebrado, a lâmpada está apagada e você ainda não veio arrumar com a desculpa que está no trânsito
Que sua vida anda meio difícil e não tem sido fácil pra você.
É, eu sei
Por enquanto eu vou sambar. Será que posso?
Beber algumas não todas, você sabe que nunca gostei muito disto
Vou conhecer outros ares, outras pessoas, outros vocês
Ressentimento algum, não sou destas mulherzinhas indefesas, embora pareça
Mas quando passar por mim ao menos fale bom dia, boa tarde ou boa noite
Nada de carícias, abraços e aperto de mão
O seu cheiro ainda está impregnado na minha pele, o seu choro ainda está no meu ombro
A sua vida está um pouco na minha


.....

Depois que pensei estas coisas um amigo seu disse que você já vive outra vida,
Já tem outra pessoa e seu coração já pertence a este alguém
Apesar da dor no peito eu quero felicidades pra nós dois,
Aprendi com o tempo
Viva sua vida
Com estes sonhos malucos que só você tem
E eu com os meus dentro da realidade
Você com os seus textos sem sentido e desconexos assim como os meus
Pois afinal, foi você que me ensinou a ser assim, sem padrões, sem ética e outras vezes sem pudor
Sem medo de ser feliz
Pegue a sua mala daqui, já passou, acabou tudo mesmo,
Sem ligações! Por favor!
Eu troquei de telefone, de horários por você
Não nos encontraremos mais na rua, na padaria, na academia...
É, mudamos a rota.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Da série: Clarice Lispector

"O pior de mentir é que cria falsa verdade. (Não, não é tão óbvio como parece, não é truísmo; sei que estou dizendo uma coisa e que apenas não sei dizê-la do modo certo, aliás, o que me irrita é que tudo tem de ser "do modo certo", imposição muito limitadora.) O que é mesmo que eu estava tentando pensar? Talvez isso: se a mentira fosse apenas a negação da verdade, então este seria um dos modos (negativos) de dizer a verdade. Mas a mentira pior é a mentira "criadora". (Não há dúvida: pensar me irrita, pois antes de começar a pensar eu sabia muito bem o que eu sabia.)"

"Sim, eu sei, continuava Joana. A distância que separa os sentimentos das palavras. Já pensei nisso. E o mais curioso é que no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo. Ou pelo menos o que me faz agir não é, seguramente, o que eu sinto mas o que eu digo."

Confissões ao relento

Porque eu não nasci mar? Nasci gente.
Nascer gente é meio complicado
Olha, se eu pudesse lhe dar um conselho diria:
Nasça mar
Mar eu sei que você passa por marés altas e baixas
Mas nada mais complicado do que gente, eles tem crise existencial!?
Tem religião, repito R-E-L-I-G-I-Ã-O.
Gente confunde os sentimentos
Troca amor por ódio
Matam pais, irmãos e namoradas
Alguma coisa boa?
Ah Mar, gente tem orgasmo, faz sexo, e isto é muito bom!
Gente gera gente
E gente também ama
Mas mar... você é infinito em beleza e às vezes eu confesso ter inveja de ti
Gente é altruísta, gosta de dinheiro e carro importado
E mar você gosta de sal, tem a cor de quando a gente fecha os olhos e pensa no primeiro beijo.
Mar quer saber?
Eu queria ser você, só por um dia