sexta-feira, 22 de agosto de 2008


Na cinza das horas

eu vou, sigo dia a dia, o rumo, o caminho...

tropeço e levanto, choro, enxugo as lágrimas, as gotas transformam-se

em riso com os amigos, em canção, em notas sonantes, pestanas ou em sol maior

e a vida? Poesia.

Poesia que não dá dinheiro

Poesia que não é noticiário na TV

Poesia que não é moda

mas nos ajuda a viver...

Num tempo onde tudo acontece em uma fração de segundos

Onde o ponteiro corre atrás das horas

Onde é tão difícil expor os sentimentos

Onde você estuda feito um condenado e não sabe se terá um bom emprego

depois de 4, 5 ou 6 anos.

Onde dizem que o legal é usar as pessoas e curtir as coisas e não ao contrário

A poesia chega e abre os poros da sensibilidade, cria um momento de reflexão, de amor, dor, raiva.

Poesia de Neruda, Vinícius, Hilda Hilst e Pessoa

Poesia de mim e de você

Transpassa o céu azul e faz com que os dias não sejam iguais ou vazios mas com que

sejam acúmulo de vida, com um único objetivo:
Esta utopia ou estado permanente de ser feliz.
Eu, fico com Hilda Hilst:
Caminho. E a verdade
É que vejo alguns portais
E entre as grades uns pássaros a leste.
Não sabem de seus passos os meus pés
Nem de mim mesma sei

Mas tantas timidizes se esvaíram
E este meu corpo agora não as tem.

E atravessando os mármores e os muros
Como se fossem mais muros de vento,
Passeio nos jazigos
E um cordeiro de pedra eu apascento.
A face do meu Deus iluminou-se.
E sendo Um só, é múltiplo Seu rosto.
É uno em seus opostos, água e fogo
Têm a mesma matéria noutro rosto.
Alegrou-Se meu Deus.
Dessa morte que é vida, Se contenta.

7
O Deus de que vos falo
Não é um Deus de afagos.
É mudo. Está só. E sabe
Da grandeza do homem
(Da vileza também)
E no tempo contempla
O ser que assim se fez.

É difícil ser Deus
As coisas O comovem.
Mas não da comoção
Que vos é familiar:
Essa que vos inunda os olhos
Quando o canto da infância
Se refaz.